Pedalando pela PAZ
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Reflexões sem dor

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Mensagem  valdojv Sáb maio 24, 2008 9:27 pm

Reflexões sem Dor
Sobre o segundo teste da Cruzbike



Cicloturismo em Grupo

Quatro pessoas pedalando o dia inteiro na mesma direção, parando de hora em hora para comer e descansar, não é sinônimo de grupo de cicloturismo.

Num grupo de cicloturismo existe o companheirismo, o respeito de um pelo outro, a ajuda mútua, o cuidado de nunca deixar um companheiro sozinho para trás, a preocupação de sempre pedalar juntos sem jamais perder o visual do colega que vem mais de vagar; numa subida forte, se um dos cicloturistas desce da bicicleta, os demais se mostram solidários e o acompanham. Fazem da dificuldade da subida uma oportunidade para trocar idéias, jogar conversa fora, comentar o percurso e assim por diante. Os mais fracos sentem-se encorajados a continuar, pois sabem que contam com o apoio dos colegas.

A palavra competição não existe no cicloturismo. É inconcebível ver um cicloturista pedalando em pé para levar vantagem e não permitir que um colega o ultrapasse.

O líder do grupo tem a palavra final embora procure sempre o diálogo com os colegas. Quando é preciso tomar uma decisão difícil faz uma votação e em caso de empate, usa do voto de minerva para decidir. Não pode permitir que um só elemento do grupo seja irredutível e que todos sejam obrigados a fazer o que ele quer. Também não pode deixar que um elemento se abstenha de votar, para não se comprometer. É muito fácil lavar as mãos e depois criticar a decisão dos demais.


Grupo que não é grupo
Um elemento do grupo dispara na frente e os demais seguem sozinhos, cada um por própria conta sem o apoio dos demais. A cada hora se encontram para comer e descansar. Acontece que o primeiro chega dez minutos antes e quando o último pára, ele já está descansado. Quando o último começa a recuperar as energias, o primeiro já está em cima da bicicleta e dispara de novo na frente. Esta situação se repete de sete a nove vezes por dia, dependendo da dificuldade da viagem e da distância a ser pedalada.

Não há oportunidade de alguém parar um momento para admirar a paisagem porque os outros seguem adiante sem se preocupar com ele. Para recuperar o tempo perdido é necessário fazer muito esforço.

Empurrar a bicicleta morro acima torna-se um verdadeiro desafio, pois os demais fazem questão de passar pedalando exibindo força como se estivessem participando de uma competição.

Se acontecer alguma coisa com a bicicleta, um furo no pneu, por exemplo, a coisa se complica, pois não é possível contar com a ajuda de ninguém.

Pedalar, pedalar e pedalar até o anoitecer. Procurar um lugar para acampar e armar a barraca no escuro. Dormir sem tomar banho por vários dias e acumular roupa suja por falta de tempo para lavá-la. Sair tarde, depois das dez horas e de novo pedalar até o anoitecer.

Isto não é grupo de cicloturismo.

A difícil arte perdoar

Errar é humano. Todos nós erramos. “Aquele de vós que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra”. (Jo 1,7b). Reconhecer o erro e pedir perdão de coração não é o mais difícil. Saber perdoar, sem ressentimento sim. Não é para todos. Diz-se que errar é humano e perdoar é divino.

Imagine uma pessoa que além de não aceitar o pedido de perdão ainda faz um dia de greve de fome; nega a palavra, vira as costas, afasta-se cada vez que o colega se aproxima, passa a seu lado como se você não existisse, não responde a um “bom dia” e mesmo assim continua a pedalar no grupo durante uma semana inteira durante 800 km. Pode?!


Pedalar sem competir

Uma viagem “gostosa” é aquela feita numa pedalada redonda, num ritmo tranqüilo onde se desfruta a natureza e os vários sons que se ouvem pelo caminho.

Quando há vento contra é preciso unir o grupo e se organizar. Faz-se um sistema de revezamento onde a cada dez minutos o primeiro da fila passa para o último lugar. Quem pedala no vácuo tem uma economia de esforço físico de 30%. A viagem rende mais, é menos sofrida e o grupo se cansa menos.

Agora imagine a seguinte situação: o vento é forte. Um indivíduo sai na frente. Você se esforça para pegar o vácuo e o acompanha num ritmo desesperado. O colega que vai à frente tenta escapar como se estivesse numa competição de vida ou de morte. Enquanto você consegue se manter junto, aproveita do vácuo, mas basta um pequeno descuido, ou uma subida mais forte para o competidor escapar orgulhoso e desaparecer na frente.

Enquanto isso, os outros colegas que ficaram para trás, seguem em ritmo diferente, cada um gozando do mais puro egoísmo. “Eu me ralo, mas não deixo ninguém usar o meu vácuo”. No final todos gastam 30% a mais de energia e a viagem rende bem menos.



Resumo da viagem

Pedalando na Cruzbike pelo Brasil, Uruguai e Argentina
1700 km em 19 dias sendo 16 de pedalada.
Distância média diária = 104 km/dia
Velocidade média = 16,06 km/h
Velocidade máxima = 63,73 km/h
Peso aproximado da bicicleta + carretinha = 50 kg
Gasto total por pessoa com comida e alojamento = R$ 155,00
Travessia Uruguai Argentina de Buquebus = R$ 45,00
Gasto médio por dia = R$ 10,00

valdojv
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